Lá estava ela, sentada
com pernas cruzadas sob dois travesseiros e um computador. Sem
internet. Lastimante - e ao mesmo tempo saudável - saber que aquele
era o único cômodo da casa que o sinal wifi não chegava. Esse era
um dos motivos para ela estar vasculhando suas estantes de livros –
tanto reais como virtuais, e tentando não se apaixonar por qualquer
um que estivesse na sua lista de “Para Ler”; pelo menos até
conseguir chegar ao fim dos quatro mundos retangulares e deixados um
pouco de lado no seu criado-mudo.
Estranho era ela
rememorar o estanho dos olhos castanhos do menino de cabelos pretos.
Que por um motivo muito claro, a sigla Sb veio à sua mente, e no
mesmo instante criou a imagem de um sabão. O que não deveria ser um
conjunto muito bom de pensamentos. Mas que poderia ser.
Condicional. Tudo é
bom se usarmos o “se”, o qual é, geralmente, acompanhado por um
verbo. Contudo, mesmo que a ação de verbalizar algo incerto seja
satisfatório - ao invés de simplesmente brincar com substantivos -
chocolate é satisfatoriamente agradável e não deixa de ser um
substantivo.
Ela vai se apaixonar.
Não pelo estanho dos olhos castanhos do menino de cabelos pretos;
porque ele já faz parte do ser e do existir dela. Não... Ela vai se
apaixonar por mais um livro da estante de livros virtuais, e ficará
satisfeita – mesmo que o novo mundo não seja de chocolate. E isso
está acontecendo no presente, porque a história está sendo
preparada no passado, então o passado é a lembrança de um minuto
atrás, e o futuro é o movimento do segundo seguinte.
Quatro olhos. Mais uma
janela é aberta. Capítulo Um. Mesmo que as letras sejam aumentadas
apenas 0,75 vezes, um imenso mundo se apresenta para ela,
paralelamente ao texto que escreve.
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