Ele gosta do seu jeito diferente de se vestir, e do seu perfume doce matinal. Ele admira os seus textos sem sentido, e decodifica-os em diversos sentidos que nem você mesma imaginou que pudessem ser decodificados. Ele sente quando você está fora do normal. Ele gosta do jeito que seus tênis não tem nada a ver com os dele. Ele consegue entender o que você acha impossível de ser entendido por alguém que não seja você mesma. Ele odeia seus surtos pragmáticos e seus movimentos calculadamente perfeitos quando você quer chamar atenção. Ele é emocional. Ele não quer ficar longe de você, mas respeita seu espaço mediocremente grande e sua contrariedade com as palavras, ações e percepções. Ele gosta da sua leitura, mas não gosta dos livros que você lê. Ele gosta quando você diz que gosta de abraços apertados, e gosta de como a sua cabeça se encaixa entre o ombro e o pescoço dele num dia de chuva. Ele acha seus poemas sentimentalmente apelativos, mas fica curioso quando você diz que terminou um deles. Ele prefere quando você acorda querendo ir à todos os lugares possíveis, sem seguir um roteiro específico. Ele odeia ter o sono interrompido, mesmo com suas mensagens de texto. Ele sabe que você quer mudar o mundo. Ele é parte de toda a coragem que você tem para fazer isso. Ele sabe que é importante para você, mas não imagina que é a primeira pessoa que você pensa antes de ir dormir. Ele odeia sua arrogância e o seu orgulho, que muitas vezes não são sucumbidos pela sua humildade.
Você gostaria que ele fosse real, enquanto escreve um texto desnecessariamente ridículo numa noite de terça-feira, e escuta as risadas e as vozes sobrepostas dos seus vizinhos do prédio ao lado. Além de que continua pensando se, de fato, entregar-se parcialmente às vozes da sua própria literatura seja uma saída plausível para sua mente relaxar e ao mesmo tempo não parar de funcionar durante a interminável férias de um mês.
Desrespeitando as separações e as medidas convencionais de escrita, você reavalia se sua produção de quinze minutos é boa o suficiente para passar pela aprovação de outras pessoas; ao mesmo tempo em que considera tudo o que foi escrito como palavras soltas que representam pensamentos descontínuos sobre a questão filosófica que é o amor. E se martiriza, pois não quer que os leitores fiquem entediados ao pensar que você é da geração Shakespeariana. Nada contra o casal que pularia do oitavo andar - se na época existisse a verticalização das cidades.
Provavelmente o rapaz do primeiro parágrafo existe. Ou existirá. Quem sabe? Provavelmente ele ainda não nasceu... Madonna encontrou um dos amores de sua vida aos cinquenta e um anos, sendo ele vinte anos mais novo. Provavelmente o rapaz do primeiro parágrafo está abençoadamente próximo a você, mas seu melhor amigo não irá lhe contar, porque, provavelmente, o rapaz do primeiro parágrafo também é melhor amigo do seu melhor amigo.
E assim segue a vida.
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