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Mostrando postagens de julho, 2016

Voo 3087

Finalmente usei minha mochila nova. Eu estava a ponto de ir na padaria comprar pão só para poder usá-la. Mas não fui à padaria, fui ao aeroporto. Antes de entrar no saguão de embarque tive que passar pelo raio x e abandonar minha mochila. Mas não estou aqui para falar dela, mas de uma senhora bastante comum. Entrei no avião e procurei minha poltrona rezando para que não ficasse espremida entre dois lutadores de MMA. Por sorte, sentei entre uma senhora e um senhor. Inicialmente,  pensei estar separando um casal, mas depois percebi que não estavam juntos. Pois bem, a senhora, que estava na poltrona da janela, tinha um ar de vó. Isso mesmo, um ar de vó. Antes da decolagem, pegou seu terço cor de rosa e começou a rezar baixinho. Não vou negar: achei que fosse daquelas católicas chatas que reclamariam da minha calça de fundo baixo e rasgada. O avião se estabilizou no ar, e a senhora do meu lado esquerdo me perguntou se teria algum jeito de usar o celular para ficar jogando. Isso mesmo,

Chá-mate

De todos os meus amores você foi um chá-mate gelado e com quarenta e cinco gotas de limão. Foi feito para ser tomado com pão quente e queijo frio, num começo de madrugada. Quase tem gosto de cigarro e não se deixa esquentar. De todos os meus amores, depois de meia caneca se tornou amargo. Não amargo como café - esse amor que sempre volta e está sempre quente. Mas um amor frio, que trava de pouco em pouco, e que tem um gosto inconfundível. Tem a mesma tonalidade do café, mas nunca poderá se comparar: o café é para tudo, menos para dormir. Você é para nada, só para acordar.  De todos os meus amores nenhum me deixa mais satisfeita e com dores de garganta pela frieza. Apesar de preferir sorvete, vez ou outra me vejo voltando para o preto retinto, gelado e meio amargo. Quase como chocolate, mas muito menos cremoso. De todos os meus amores, o mais incrédulo - e talvez o mais saudável.