O barulho
dos carros que passam nas ruas se sobrepõe aos pensamentos inquietos
da sua adorável escritora. Ainda não temos teletransportes, nem
civilização. As buzinas são constantes e as luzes amarelas ao
fundo não parecem simples postes de iluminação. Por Deus, será
que me drogaram?
A noite
não se apresenta tão assustadora como parecia tempos atrás. A
ideia que o sol brilha em outra parte deste mesmo mundo, agora parece
reconfortante. Mesmo que esteja perto da meia-noite, é uma noite sem
lua cheia, sem lobisomens. E mesmo que nosso satélite reinasse
brilhante no meio do céu, a ideia de que um homem peludo se desse ao
trabalho de escolher justo o meu quarto, a mais de sessenta metros do
chão, parece improvável. Eu sou irresistível, mas vamos e
covenhamos, não é para tanto...
Em algum
lugar próximo a mim alguns estão dormindo, dançando, fumando,
lendo, transando, trabalhando, ou atirando em outras pessoas - o que,
de certa forma, não deixa de ser um trabalho; eu acho. Meus vizinhos
de prédio sempre demoram para apagarem as luzes. O a farmácia fecha
às 22:00 horas, e o posto de gasolina às 00:00 hora. Mas os carros
nunca param de circular. Nem a internet. Globalização estúpida, és
tu a causadora do caos?
No atual
ritual das críticas, o qual nossa sociedade se encontra, é comum
reclamar de tudo – sem dar nenhuma solução. Queremos mudanças!
Que tipo de mudanças? Esperem, vamos colocar nossa lista no YouTube.
Eu quero
que minha espinha suma. Ela está vermelha e deixando a parte entre
minhas sobrancelhas como uma prótese de um chifre. Sim, eu estou
exagerando. Mas quem não passa dos limites nos dias de hoje?
Ouço o
ronco de uma moto que acaba de entrar no prédio. Quem sabe não seja
a normalidade que queira interfonar para o apartamento de uma
escritora com hipermetropia? Tomara que a motociclista não decida
fazer isso até eu descobrir o porquê da semântica nomear
automóveis, se eles não se movem sozinhos. Convenções... Vocês
foram criadas para contorcer meu cérebro.
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