Ela está em meio a dois blocos de carnaval. Ruas coloridas, enfeitadas, cheias de vida. A multidão se aglomera em seu entorno, e sua felicidade parece com aquela sentida por crianças ao ganharem brinquedos ao invés de roupas no aniversário. Mas ela tem quase dezesseis anos, e mesmo que desconsidere o ganho de presentes, faz questão de ser lembrada de alguma forma.
Ao final da rua, avista uma bifurcação. Esquerda ou direita? Eis a questão. "Rimas", pensa ela, "foram feitas para embelezar momentos embriagados de mesmices". Os foliões começam a se dividir, e ela se vê angustiada ao ter que escolher entre duas coisas tão parecidas. Mas o sentimento é passageiro, e ela escolhe o caminho por onde o menino mais bonito segue.
Em um insight conteudista e desnecessário, ela imagina a quantidade de pessoas que estão realizando movimentos peristálticos nesse exato momento. E isso a deixa com fome. Ao final da rua, seja por intervenção divina, ou simplesmente sorte, ela se depara com uma pizzaria. "Bendito seja o dono...", ela balbucia. Ao entrar no estabelecimento, não percebe que é refrigerado, mas seu espirro a situa na mudança de temperatura. Para sua surpresa, o local não está tão cheio como esperava, e ela dá graças por isso.
Quatro queijos, borda recheada. Refrigerantes são malfeitores. Suco de laranja é suficientemente saudável. Assim como em livros água-com-açúcar, ela espera, sem esperanças, o menino mais bonito entrar e sentar ao seu lado. E, como previsto, não ocorre. Ao contrário da fantasia brevemente idealizada, um surto de racionalidade a ataca, e ela começa a imaginar o porquê das pessoas reclamarem do mundo se não conseguem ser capazes de fazer algo para mudá-lo.
Adorei.
ResponderExcluir