Desperdiçam-se vidas. A morte é tolerada como mais um detalhe na grande malha colorida do carnaval. Na festa que tudo permite, as perdas são banalizadas, e os ganhos são contabilizados por beijos ou transas. A saúde se fantasia com preservativos; fronteiras entre a brincadeira e a seriedade são violadas, gerando a fragmentação dos valores éticos e sociais.
Após
quatorze anos de espera por um rim, uma mãe de família é privada de recebê-lo.
E a causa não é a falta do órgão, mas de médicos dispostos a perderem um
desfile das escolas de samba em troca de uma vida. Chamem os justiceiros. A
moral foi mais uma vez corrompida. Todavia, os malfeitores não são ladrões de
sucos ou de carteiras, são frequentadores de universidades, componentes da alta
classe da sociedade brasileira.
Os
cidadãos se dizem cansados com a falta de respeito do governo. Na tentativa de curar
um câncer político, mutilam órgãos e células que não passam de vítimas da
doença há muito impregnada no corpo social. Os cérebros tentam, pelo menos uma
vez, raciocinar, mas são interrompidos pelo barulho dos blocos que se encontram
a cada quatro cantos. A tensão por um gol nos acréscimos desenvolve-se, e
inebria o brasileiro até o mês das eleições.
A Dama
de Vermelho tenta conciliar interesses, e se ver livre da impopularidade. Não
possuindo a capacidade de agir, tenta, por meio de discursos incoerentes,
representar o país no exterior: “Os homens não são virtuosos, ou seja, nós não
podemos exigir da humanidade a virtude, porque ela não é virtuosa, mas alguns
homens e mulheres são, e por isso é que as instituições têm que ser virtuosas.”
. Não obstante, alguns ainda são capazes de desconhecerem o porquê de o Brasil
ser tão ridicularizado pelas grandes potências mundiais. Porém, isso pode ser
claramente esclarecido pelo jeitinho
brasileiro de viver: impune.
Triste realidade! Muito bom o texto, como todos os outros :)
ResponderExcluirMuito obrigada! Fico feliz que goste!
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