Não está tudo bem. Oferecer o que se tem de melhor para as
pessoas não passa de mais um movimento mecânico e insensível. Nada vai além do
ato falso de se desejar bom dia. É como respirar: imperceptível, boa parte do
tempo. E nas vezes que as palavras saem
conscientemente da boca, não são legítimas: são forçadas, ríspidas.
Quando criança escuta-se inúmeras vezes que “costume de casa
vai à praça”, e cada ato de bom comportamento é tido como digno de comemoração.
Quando se cresce não se lembra que o pedinte de rua tem os mesmo direitos,
deveres e valores humanos que qualquer outra pessoa. Primeiramente, se todos
são iguais, por que alguns passam fome enquanto outros desperdiçam comida? Falta equilíbrio. Falta paciência. Falta educação.
Não importa se o vocábulo de um bacharel em Direito é grande o suficiente para
escrever uma monografia culta quando o mesmo vota num palhaço para deputado.
Falta vergonha.
O país onde o sol da liberdade brilha em raios fúlgidos retrocede
ao tempo da escravidão. Paulistanos
julgam nordestinos, cariocas julgam cariocas, e a Lei de Talião reverbera em
todas as classes sociais. Protestar ainda está na moda: as ideologias mal
caracterizadas fluem na correnteza do desespero junto com os que se dizem
dignos de uma vida de qualidade. Os
mesmos que destroem ônibus, lojas, bancos e hotéis, trazem no rosto a expressão
vazia que representa o nosso governo impune: máscaras. Até quando os mocinhos
vão se esconder?
Os hospitais carecem de seringas, elevadores e macas. A
resposta é importar trabalhadores enquanto faltam materiais de trabalho. Na
tentativa de diminuir a pobreza no país, exterminam-se os que não podem pagar por
um plano de saúde. Impostos nas alturas e filas no necrotério. Anos de
corrupção e mais alguns de governantes falidos, intelectualmente falando.
Deve-se achar um culpado. Leiloa-se o Brasil para quem
conseguir emergi-lo de uma vez por todas. Se Deus é brasileiro, fomos nós quem
crucificamos Jesus. Pois desde milênios atrás, o egoísmo é mais forte que a
caridade. A ganância é tão forte que torna a todos cegos. Filhos de uma mãe
Terra, sempre serão terra, até o dia em que a essência mudar.
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