Achei! O que não estava
procurando. Sim, achei. Achei um livro feito de papelão cheio de crônicas meio
utópicas. Achei, no fundo do meu guarda-roupa, pedaços de alguns sonhos
digitados na metade de uma folha de papel. Achei que tinha me esquecido do dia
em que escrevi a morte de forma corriqueira.
Nostalgia. Esse foi o primeiro
livro de gente que nem sabia que sabia escrever... E de outros que realmente
não sabiam. Achei a “confissão de uma bomba”, algo sobre o valor dos
trabalhadores e outro sobre “a droga da televisão”. Porém, todas pareciam não
passar de críticas de banheiro... Aquelas que vêm à mente quando se está no
banho, fazem chorar e odiar a sociedade em que se vive. Mas que duram, no
máximo, quinze minutos: nada constante, porém recorrente.
Depois da poeira das páginas e de
muitos espirros, pois a alergia é forte, consegui reviver o dia da escrita. Não
era um banheiro, mas havia críticas. Não havia choro, mas se odiava a
sociedade. O local era uma sala mais ou menos regular, mais ou menos poligonal:
um cubo com mais de doze vértices. Ali construímos alguns abrigos literários e
destruímos outros muros isoladores. Ali, achávamos nosso Ego, Superego e nosso
ID cada vez misturado, cada vez mais em equilíbrio.
Universal. As letras rompiam
barreiras e as palavras eram libertadoras: o mundo parecia menor. Tudo podia
ser questionado, posto em prova. Desse modo, surgiam, cada vez mais, moralistas
de plantão querendo salvar a humanidade dela mesma. Era bonito! Mas as
projeções foram distorcidas, o universo foi minimizado e restaram apenas
pedaços de alguns sonhos digitados na metade de uma folha de papel.
Comentários
Postar um comentário