Essa semana eu voltei a dormir tarde, voltei pra o inferno que está Recife, voltei pras antigas amizades e voltei a escrever. Por enquanto, seguimos por aqui, voltando aos poucos àquilo que uma vez já fez sentido.
Toda a vez que volto, penso se vale a pena continuar. Mudei tanto de 2018 pra cá que pensei em apagar tudo o que estava por aqui, só pra começar de novo. Tipo um recomeço.
Mas pra recomeçar precisa apagar tudo o que já existiu? Acho que tudo o que aconteceu até então foi o que me fez chegar até aqui. E se eu volto, não é pelo futuro, mas pelo passado mesmo. Claro, se não fosse por ele, nada faria sentido.
Uma vez ouvi que somos como folhas de papiro, que mesmo apagando o escrito mais recente, continuamos com as marcas de quem já escreveu na gente. Acho que somos assim mesmo: uma colcha de afetos e desafetos tentando mostrar pra humanidade alguma coisa que faça o mínimo de sentido.
Ah, mas tem um ponto importante nessa história de idas e vindas: desde o início de tudo até agora, percebi que as leituras são as mesmas, mas as percepções são diversas. Isso é lindo: a beleza de não ser compreendido. Trágico? Nem acho. Cada interpretação é um reflexo de quem lê.
Leve isso pra vida, não só pra esse texto (e os que estão por vir).
Bem, o fato é que voltei e acho que voltei por voltar. Não sei. Sempre tem alguma coisa que mexe comigo quando volto. Marcas que não se apagam, como o papiro.
Nunca fiz uma tatuagem, mas acho que nossas experiências vão deixando karcas na gente que nem as benditas micro agulhas que vão pintando o corpo dos mais corajosos.
Voltei, e percebi que tava precisando parar.
Masagentenuncaparadeverdade,né?
Enquanto estive por aqui, abri meu coração mais uma vez pra sentir. Já testou isso? Eu não gosto. Há tempos que prefiro só abrir a cabeça. Dá menos trabalho pensar do que sentir. Acho que os sentimentos acabam confundindo a gente e complicando o que poderia ser simples. Matemático. Cirúrgico.
Se bem que me disseram um dia desses que a vida não deveria ser apenas funcional, e sim emocional (também). Discordei. Mas voltei.
Voltei pros escritores, poetas e boêmios, sem deixar a razão de lado. Voltei e deixei de ouvir meu ego pra me jogar no meu ID. Puta saudade da literatura. Mas em algum momento me perdi pra dar certo, pra ser funcional - e isso é menos complicado sabe? A vida se mostra muito dura pra gente querer quebrar regras a todo o momento. Um eterno paradoxo entre o que é viver e o que é sobreviver. Acho que a verdade é que, nessa equação, estamos apenas tentando o equilíbrio.
O certo é que voltei, sem o menor sentido, mas voltei. Porque precisava, porque queria, porque queimava.
Voltei a me abrir, voltei a sentir, voltei a parar. E nessa pausa acho que vou voltando aos poucos a focar no que ninguém vê. Nas crônicas já escritas em cada esquina, mas que por causa da loucura da rotina, ninguém não para pra ler.
Se fez sentido voltar, não sei. Isso já não é coisa do passado, e sim do futuro que vai dizer. Eu só sei que voltei. Espero que pra ficar, mas vamos ver.
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