Voltando da universidade para casa, me percebi sem ar. "Deve ter sido aquele café mais cafeinado que me deixou mais ansiosa", pensei. Passei pelo Departamento de Astronomia, ou de algo parecido. Sempre achei que aquele departamento tivesse cara de astronomia. Fica num terreno elevado, e a pracinha é cheia de pessoas que sempre parecem estar no mundo da lua. Me sinto em casa: sempre gostei do céu.
Ao passar pela portaria - antes de chegar noutro departamento para passar por outro departamento e então conseguir sair da universidade - às 19h15 costumo cruzar com o vigia, ou porteiro, ou recepcionista ou vigia-porteiro-recepcionista do departamento. "Boa noite, filha", ele sempre cumprimenta.
Passando pelo outro departamento antes de chegar no último departamento para então sair da universidade, encontrei duas pessoas que também estavam sem ar. Mas por um motivo diferente do meu. Nem sei se eram duas pessoas, parecia uma só. Não sei quem estava com mais falta de ar, se eu, a menina ou o menino. Segui meu caminho com minha própria falta de ar. Encontrei uma senhora entre o último departamento e a saída da universidade. Ela estava meio escondida, com medo de ser assaltada na maldita parada dessa bendita cidade - que tem 30 santos, mas zero segurança. Ela não estava com falta de ar, apesar de um pouco nervosa com o mato e o escuro.
Ainda que sem muita luz, eu gosto de andar a pé. Apesar da falta de ar. Apesar da falta de segurança. A gente descobre gente que nem a gente, que tem tesão e medo da vida. E a gente descobre que as coisas são assim mesmo, uma mistura de pé na frente e outro atrás, fazendo a gente caminhar e descobrir coisas que a gente sempre viu, mas nunca sentiu.
Ao passar pela portaria - antes de chegar noutro departamento para passar por outro departamento e então conseguir sair da universidade - às 19h15 costumo cruzar com o vigia, ou porteiro, ou recepcionista ou vigia-porteiro-recepcionista do departamento. "Boa noite, filha", ele sempre cumprimenta.
Passando pelo outro departamento antes de chegar no último departamento para então sair da universidade, encontrei duas pessoas que também estavam sem ar. Mas por um motivo diferente do meu. Nem sei se eram duas pessoas, parecia uma só. Não sei quem estava com mais falta de ar, se eu, a menina ou o menino. Segui meu caminho com minha própria falta de ar. Encontrei uma senhora entre o último departamento e a saída da universidade. Ela estava meio escondida, com medo de ser assaltada na maldita parada dessa bendita cidade - que tem 30 santos, mas zero segurança. Ela não estava com falta de ar, apesar de um pouco nervosa com o mato e o escuro.
Ainda que sem muita luz, eu gosto de andar a pé. Apesar da falta de ar. Apesar da falta de segurança. A gente descobre gente que nem a gente, que tem tesão e medo da vida. E a gente descobre que as coisas são assim mesmo, uma mistura de pé na frente e outro atrás, fazendo a gente caminhar e descobrir coisas que a gente sempre viu, mas nunca sentiu.
Comentários
Postar um comentário