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Quando dói

Às vezes minhas escolhas doem no peito. Às vezes o coração fica do tamanho de uma ervilha, bem engelhada. O peito aperta, o nariz coriza e levanto a cabeça. Tento ficar perto quando estou longe, mas quando estou perto permaneço longe. É muita coisa, eu sei. É culpa minha, eu sei. Culpa dessa minha mania de querer abraçar o mundo com as pernas, os braços e os dedos. Culpa dessa minha mania de colocar uma coisa na cabeça e lutar até o fim por ela.
E dói. Dói aquela dor que faz a gente crescer, ficar mais forte, reconhecer que somos falhos e que nunca podemos estar em três lugares ao mesmo tempo. Fisicamente, podemos em dois - sim, podemos. Mas quando falamos da alma, só podemos estar em um. É por isso que dói: eu não fui feita pra olhar pra o trilho sem admirar a paisagem, sem olhar pra trás e querer ver o detalhe daquela árvore que sumiu com a pressa do trem, sem olhar pra frente buscando o que tem de novo no horizonte.
São tantos livros, são tantas vivências: são experiências únicas e temos que priorizar as coisas. E quando a gente prioriza o que poderia esperar? Dói! É como colocar uma pauta fria no lugar daquela quentíssima e receber a maior bronca do chefe. O ruim é quando somos liberais e somos o subordinado e o próprio chefe. Aí dói. Dói e a gente aprente: porque quem é perturbado só aprende com a dor mesmo... Dói, a gente sofre, a gente se despedaça e se reconstrói. Vê que o caminho estava meio troncho, sem rumo, que era só coisa de gente que mete a cara nos cantos porque gosta de tentar.

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