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Sobre a postura, o tempo e o amor.

Neste exato momento estou colaborando para um futuro problema de coluna. Como se já não bastasse a visão embaçada, os calos nos pés, a rinite insistente e as cólicas mensais, o futuro problema de coluna virá em pouco tempo. Passa da meia noite: tanto em Natal como em São Paulo. Estamos no verão e enquanto aqui chove, lá os relógios são adiantados em uma hora. 
Hoje é domingo. Na verdade, segunda-feira - pois já passa da meia noite. O dia não foi produtivo, escorpiões surgiram no banheiro e baratas no corredor. Não gosto dessa época do ano. Também não gosto de hambúrguer frio e de batatas mal fritas: não peçam delivery de comida. Fazer isso é como pedir delivery de café, ou delivery de amor. Não chega a ser quente, nem suficiente.
Coloquei meu tênis para vender e está demorando tanto para aparecer um comprador quanto demorou o motoboy para entregar o pedido. Dentre meus poucos problemas, um deles é a ansiedade, e não, não é impaciência: é ansiedade mesmo. Talvez um desejo impaciente, mas não "impaciência". Impaciência é como sofrer com problema de coluna. Ansiedade é como sofrer pela possibilidade de ter problemas na coluna. Resolvendo a situação, ajeito minha postura, tiro o relógio do pulso e coloco os fones. O amor chegou sem pressa.

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