Quando era pequena nunca entendi o porquê das pessoas se afastarem umas das outras. Eu perguntava à minha mãe sobre seus colegas de escola e ela dizia nunca mais ter os visto. Eu perguntava à minha tia sobre seus colegas de faculdade, ela dizia que tinham perdido contato. Eu perguntava aos meus avós sobre as pessoas que tinham marcado a vida deles, e eles diziam que as circunstâncias da vida os afastaram. Eu passei a odiar as circunstâncias da vida, mesmo sem saber o que essa primeira palavra significava.
Cresci. Olhei para trás e percebi que perdi. Perdi a Mariana, o João, a Isabella e a Gabryela. Mas mantive a Rafaela. Perdi a Natália, o Jorge, e até a Alcina. Ganhei o Vitor, a Luanna e outro João. Tentei usar uma balança nesse jogo de perdas e ganhos. Mas pessoas são imensuráveis e particulares o suficiente para serem comparadas. Circunstâncias da vida: num momento sou; noutro, fui. Verbos diferentes para situações diferentes - circunstâncias.
Penso, às vezes, que foi falta de cuidado. Penso, às vezes, que deixei o jardim morrer. Mas também penso, às vezes, que não se tornaram pó, mas sim humus, e que foram responsáveis pelo amadurecimento de outras flores. Ou seja, não morreram: estão apenas guardados numa camada mais profunda, sendo parte nutritiva de flores mais novas: sendo a base escondida que mantém a cor do jardim.
Comentários
Postar um comentário