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Luz dos olhos

Como de costume, meu quarto está uma bagunça. Além de toalhas, roupas, bolsas, tênis e livros, também tem muita poeira. Ultimamente a trilha sonora desse espaço de vinte metros quadrados, desarrumado e empoeirado, são os álbuns de Nando Reis e Cássia Eller - na playlist do Spotify mesmo. Parece que em cada música uma parte sua é ressaltada. 
Guardei, sem ter porquê, ou coisa outra qualquer, a lembrança do seu perfil numa tarde ensolarada. Amarela. Gosto desse tom de fim de tarde. Se bem que também poderíamos passar um começo de manhã juntos: todo intervalo é lindo. Deveríamos ter aproveitado eles com mais proximidade quando no Colégio. Hoje nem o nosso setor é o mesmo. E não acredito que começou a propaganda no aplicativo de música. 
A vibe de Nando Reis permanece, assim como permanece o nosso elo. Espero que o tempo passe, espero que a semana acabe, pra que eu possa te ver de novo. E você me ver de novo com as mesmas olheiras e o mesmo cabelo desarrumado. Mas acho que você nem percebe isso - e se percebe nem liga. Parece que nossas almas se interligam, e quando nossos corações se ligam num abraço voltamos para as aulas de física, quando levamos aquele choque elétrico. Gosto da sensação. Gosto também dos seus olhos. Gosto de você. 


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