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Mostrando postagens de abril, 2017

Luz e rosa

O direto da minha palavra nunca deveria ter sido cortado do jeito que foi. Floresci e e tiraram meus espinhos antes mesmo de poder furar alguém. O que seria de uma rosa sem seus espinhos? Parece aqueles girassóis sem cheiro. Parece uma manhã sem café. Parece uma pelada jogada com sapatos. Não faz sentido. Bato na mesa, rodo a cadeira, brigo com o computador e fico quieta. Alongo os dedos, preparo o teclado e um chá de camomila. Só olho pra a tela em silêncio: juramento. Fui até a reitoria, pedi um misto quente, caminhei pelo campus e quase pedi pra ser assaltada. Apostas são melhores que promessas. Ficou bom, ficou massa. As suas palavras sempre são aconchegantes. Não sei como você se lembra do brinco azul - eu não lembro nem do sapato. Mas não tive dor de cabeça, juro. E cheguei bem. Mas ainda estou tamborilando dedos na mesa. Eu não deveria ter prometido o silêncio, não é natural de mim. Achei inválido essa troca de palavras por não-palavras. É totalmente injusto. Não gostei.

Perdão por estar

A gente pode construir um mundo novo. A gente se envolve numa vibe de Arctic Monkeys junto com Devendra Banhart. Se reclamarem ainda jogamos a Academia no meio. E a gente vai bebendo café e sorrindo, como sempre. Ou como toda a sexta-feira, quando a alma tá animada e desconcertada ao mesmo tempo. E a gente quer aquele calor da segunda-feira de novo. A gente pode estar cruzando aquela ponte, ou aquele morro, ou aquela via. A gente vai até perto da outra cidade e volta. A gente anda pelos devaneios dos outros e permanece nos nossos, construindo o nosso mundo melhor: azul e amarelo. A gente vai dançando, correndo, lendo, escutando, escrevendo. A gente vai. Nós estamos. A gente se encontra e fica. A gente se afasta e se encontra, se reencontra e se refaz em cada rabo de olho. Nós viajamos, provamos café com gengibre e voltamos. Nós estamos. Ficamos naquela pedra, naquele mar, naquele olhar. Ficamos até por aqueles livros que não são best-sellers e que ninguém quer. Mas que a gente vai r

Nunca pare de escrever

Pois é, Gilma. O fim de semana foi quase todo assim: escrevendo. Maldito dia que tivemos essa conexão literária. Nunca foi de professora-aluna. Sempre foi alma-alma. Eu lembro quando passei pra faculdade de Direito, em João Pessoa. As coisas, como sempre, acontecendo fora do seu tempo, pra mim. A euforia fora de hora, a certeza sem a checagem dos fatos e a ansiedade da idade. Nada deu muito certo no ano seguinte, nem mesmo nossa conversa. Parecia que tudo ia se arrastando num ritmo frenético e os terceiranistas tinham que sobreviver entre as aulas, as aulas e as aulas. Eu ia buscar refúgio na Capela, ou com o Frei Evilásio - que sempre tratava meus dramas como pó de areia: poeira aos olhos de Deus. No final, as coisas se encaixaram mais ou menos bem. Eu sou forte, né? Vez ou outra a gente para e pensa na vida. Busca nosso refúgio. Procura o equilíbrio. Restaura. Revive. Reacende. Ilumina. A gente brilha e irradia o brilho. Pensamos que somos um algo no meio do nada. E aí a gente e

Complementos

Ela olha pra você como quem se vê num espelho distorcido: não sabe se admira ou se afasta. Ela olha pra você com olhos de quem olha pra o fogo: não sabe se esquenta ou se queima. Queima sempre que perto demais. A distorção da imagem surge com o perto ou o longe. Talvez vocês tenham hipermetropia e astigmatismo.  Ele olha pra você como um jovem olha pra um jornal impresso: não sabe por onde começar, nem se vai começar. Cultura, para no meio do caminho. Esporte, para no meio do caminho. Economia, para no meio do caminho. Mas ele vê você como um inteiro, apesar da bagunça bem diagramada.  Vocês são aquela mistura de domingo de manhã com café quente na caneca e três livros espalhados no chão. Vocês são aquela mistura de óculos, palavras e sorrisos bonitos.Vocês são aquele poema de versos livres que ninguém entende, mas que acham interessante. Vocês são aquela mistura de linguagem html com a redação do Tribuna do Norte. Eu nunca saberei juntar vocês dois. No mundo das ideias, talvez