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Mostrando postagens de setembro, 2016

Púrpura

Eu deveria estar escrevendo um artigo de opinião sobre os malditos carros de som que os vereadores deste Brasil prezam tanto. Deveria colocar pra fora toda a cinza revolta de uma cidadã que é contra a poluição sonora. Que é  contra estar no shopping passeando e escutar uma música chiclete com números de candidatos cômicos. Que é contra estar em casa numa sexta-feira de manhã e escutar o remix mal feito de um funk incrível. Que é contra a moleza dos sábados de tarde. Fui tomada pela cor púrpura em meio à revolta do cinza. Depois de uma semana como a que passou, não sei como não passei dessa para melhor. Deve ser pelas cores, que sempre salvam. Pelos azulejos, ao invés dos tijolos; pelo sol, ao invés da chuva. Até pelo café, que hoje eu não lembro de ter tomado. Fui tomada, sou energia,  purpurina e púrpura. Fui tomada, bebi café. Talvez faça sentido sentir o gosto amargo. Que combina com silêncio. Que combina com tardes de sábado. Que não combina com sextas-feiras de manhã, pois se

Danúbio

Eu canto, você grita. Eu malho, você corre. Eu mordo, você beija. Eu sol, você chove. Eu choro, você lacrima. Eu coro, você ri. Eu fujo, você chega. Eu não, você si. Eu rogo, você desce. Eu água, você nega. Eu clareio, você reluz. Eu pedra, você quebra. Eu penso, você para. Eu paro, você cala. Eu sento, você deita. Eu me apego, você pega. Eu recuo, você avança. Eu danço, você baila. Eu rimo, você calcula. Eu presto, você nada. Eu rio, você praça. Eu noz, você castanha. Eu sinto, você dança. Eu fico, você fica.