Olhei para cada canto da sala. Nada me remetia a um bem estar. A sala era, verdadeiramente, uma sala de estar. Mas eu nem estava nela. Estava noutro canto; noutra cidade. Eu não estava nem em mim, nem no outro. Estava nas gotas de chuva: por aqui e por aí. Pensei comidas saudáveis, pensei em fast food, pensei até numa trufa. Trufas são gostosas. Mas não o suficiente para estarem no momento. Essa chuva lá fora só piora o sentimento de inconformidade. Chuva não combina com a manhã. Nem com a tarde. Nem com a noite. Apenas com as madrugadas. E apenas se forem madrugadas sonolentas, sem cafeína nem música. Com sala de estar, apenas. E estando na sala com trufas e fast foods e comidas saudáveis. Tudo o que complete. Chuva causa azia, desconforto, incompreensão. Nunca gostei de dias cinzas. Se por acaso me acharem, me avisem. Me perdi no meio do caminho. Fiquei olhando por um tempo longo demais para as flores coloridas e abraçando árvores. Acho que me perdi e não sei estar. Sei ser.
Crônicas feitas no bloco de notas do celular de Luana Aladim