Falta ar. Não consigo respirar com as costas na cama. Viro-me de lado. Mudo a vista do ponto. Olho para cima: gesso, lâmpada, cortina. Acho que preciso de um novo travesseiro. Sim, um novo travesseiro resolveria os problemas de um corpo meio proporcional. Um novo travesseiro seria bem acomodado no espaço retangular da cama. Não, um novo travesseiro só resolveria meus problemas com o pescoço. Na verdade, acho que nem isso. Falta ar. Acho que todo poeta é teimoso o suficiente para ficar com as costas na cama. Duas vezes seguidas, falta ar. Viro-me de lado. Olho para dentro: acho que nosso problema não é no pescoço, mas no coração. Acho que todo poeta é teimoso o suficiente para ficar de costas para suas palavras. Nunca ama profundamente. Ama profusamente. Falta ar.
Crônicas feitas no bloco de notas do celular de Luana Aladim